Nada melhor para assinalar o Dia de Portugal do que um poema de Manuel Alegre, Prémio Camões 2017. (clicar na imagem para aceder à notícia)
Trova do amor Lusíada
Meu amor é marinheiro.
Quando chega à minha beira
acende um cravo na boca
e canta desta maneira:
_ Eu sou livre como as aves
e passo a vida a cantar
coração que nasceu livre
não se pode acorrentar.
Trago um navio nas veias
eu nasci pra marinheiro
quem quiser por-me cadeias
há-de matar-me primeiro.
Meu amor é marinheiro
e mora no alto mar
seus braços são como o vento
ninguém os pode amarrar.
Quando chega à minha beira
todo o meu sangue é um rio
onde o meu amor aporta
seu coração - um navio.
Meu amor disse que eu tinha
uns olhos como gaivotas
e uma boca onde começa
o mar de todas as rotas.
Meu amor disse que eu tinha
na boca um gosto a saudade
e uns cabelos onde nascem
os ventos e a liberdade.
Meu amor falou-me assim:
_ Ó minha pátria morena
meu país de sal e trevo
meu cravo minha açucena
Vale mais ser livre um dia
lá nas ondas do mar bravo
do que viver toda a vida
pobre triste preso escravo.
Eu vivo lá longe longe
Onde passam os navios
mas um dia hei-de voltar
às águas dos nossos rios.
Hei-de passar nas cidades
como o vento nas areias
e abrir todas as janelas
e abrir todas as cadeias
hei-de passar a cantar
pelas ruas da cidade
erguendo na mão direita
a espada da liberdade
Ó minha pátria morena
meu país de trevo e sal
sou marinheiro e não esqueço
que nasci em Portugal.
Assim falou meu amor
assim falou ele um dia
desde então eu vivo à espera
que volte como dizia.
Eu creio no meu amor
meu amor é marinheiro
quem quiser pôr-lhe cadeias
há-de matá-lo primeiro.
sei que um dia ele virá
assim muito de repente
como se o mar e o vento
nascessem dentro da gente.
como se um navio entrasse
de repente na cidade
trazendo a voar nos mastros
bandeiras de liberdade.
Meu amor é marinheiro
e mora no alto mar
coração que nasceu livre
não se pode acorrentar.
Manuel Alegre
Trova do amor Lusíada
Meu amor é marinheiro.
Quando chega à minha beira
acende um cravo na boca
e canta desta maneira:
_ Eu sou livre como as aves
e passo a vida a cantar
coração que nasceu livre
não se pode acorrentar.
Trago um navio nas veias
eu nasci pra marinheiro
quem quiser por-me cadeias
há-de matar-me primeiro.
Meu amor é marinheiro
e mora no alto mar
seus braços são como o vento
ninguém os pode amarrar.
Quando chega à minha beira
todo o meu sangue é um rio
onde o meu amor aporta
seu coração - um navio.
Meu amor disse que eu tinha
uns olhos como gaivotas
e uma boca onde começa
o mar de todas as rotas.
Meu amor disse que eu tinha
na boca um gosto a saudade
e uns cabelos onde nascem
os ventos e a liberdade.
Meu amor falou-me assim:
_ Ó minha pátria morena
meu país de sal e trevo
meu cravo minha açucena
Vale mais ser livre um dia
lá nas ondas do mar bravo
do que viver toda a vida
pobre triste preso escravo.
Eu vivo lá longe longe
Onde passam os navios
mas um dia hei-de voltar
às águas dos nossos rios.
Hei-de passar nas cidades
como o vento nas areias
e abrir todas as janelas
e abrir todas as cadeias
hei-de passar a cantar
pelas ruas da cidade
erguendo na mão direita
a espada da liberdade
Ó minha pátria morena
meu país de trevo e sal
sou marinheiro e não esqueço
que nasci em Portugal.
Assim falou meu amor
assim falou ele um dia
desde então eu vivo à espera
que volte como dizia.
Eu creio no meu amor
meu amor é marinheiro
quem quiser pôr-lhe cadeias
há-de matá-lo primeiro.
sei que um dia ele virá
assim muito de repente
como se o mar e o vento
nascessem dentro da gente.
como se um navio entrasse
de repente na cidade
trazendo a voar nos mastros
bandeiras de liberdade.
Meu amor é marinheiro
e mora no alto mar
coração que nasceu livre
não se pode acorrentar.
Manuel Alegre
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