sexta-feira, 25 de abril de 2025

E se Abril ainda estivesse por fazer?

Imagina que acordas e, antes de sair de casa, tens de pensar bem no que vais dizer na escola.

Imagina que não podes escolher o livro que queres ler, nem ouvir a música que gostas.

Imagina que o silêncio pesa tanto que até a tua opinião começa a desaparecer.

Agora imagina que, numa madrugada, ouves passos apressados.

E os passos não trazem medo.

Trazem sorrisos.

Trazem flores.

Trazem gritos guardados no peito.

Trazem liberdade.

Essa madrugada aconteceu. Foi a 25 de Abril de 1974.

E não está assim tão longe como parece.

Nessa madrugada, muitos dos que saíram à rua não sabiam o que ia acontecer. Os soldados que ocupavam os quarteis e as estações de rádio tinham ordens, mas tinham também dúvidas. A revolução não nasceu feita — foi sendo construída, passo a passo, por quem acreditava que um país podia ser mais justo, mais livre, mais de todos.

Não foi uma revolução perfeita. Mas foi um começo.

E é esse começo que, todos os anos, celebramos.

Não por hábito.

Mas porque a liberdade — tal como a imaginação — precisa de ser vivida, partilhada, protegida.


Sabias que…

  • Muitos dos jovens militares que lideraram o movimento tinham pouco mais de 20 anos?
  • As pessoas que saíram à rua não sabiam ao certo se seria perigoso — mas foram na mesma?
  • Uma das canções que serviu de senha para a revolução passou na rádio porque o censor, nesse momento, estava distraído?

Poderíamos falar do cravo, claro. Da música. Das imagens que todos conhecem.

Mas Abril é mais do que símbolos.

É memória viva.

E, mais importante ainda: é escolha.

________________________________________

E hoje?

Hoje, podes partilhar ideias sem medo.

Podes discordar, protestar, criar.

Podes ser quem és.

E se não puderes — então Abril ainda está por fazer.

Por isso, deixamos-te um convite:

Se tivesses vivido essa madrugada, o que terias feito?

E se a liberdade voltasse a estar em risco… como a reconhecerias?

Podes escrever, desenhar, gravar, imaginar.

A biblioteca é o lugar onde a liberdade tem sempre espaço.

Aqui, o futuro também se escreve com cravos.

Para continuar a viver Abril, com olhos e ouvidos atentos:

Celebrar o 25 de Abril também pode ser sentar-se no sofá e ver (ou rever) histórias que contam o que foi essa madrugada — e tudo o que veio depois. Para quem quiser aprofundar, emocionar-se ou apenas conhecer melhor, aqui ficam algumas sugestões:

  • Como era Portugal antes da Democracia? - extratos da série Portugal, um Retrato Social,
de António Barreto e Joana Pontes - Como era Portugal antes da Democracia?

  • As Armas e o Povo (1975, Colectivo Grupo Zero) – Documentário com imagens reais dos dias da revolução, gravado nas ruas de Lisboa. As Armas e o Povo (1975)
  • Torre Bela (1977, de Thomas Harlan) – Um documento único sobre o processo revolucionário no campo, e a ocupação de terras por trabalhadores rurais.

Porque a liberdade também se aprende vendo, ouvindo, pensando — sem que ninguém dite como deve ser comemorada.

Abril é de todos. E está sempre a acontecer.


 

notícias relacionadas:

  • E se Abril ainda estivesse por fazer?Imagina que acordas e, antes de sair de casa, tens de pensar bem no que vais dizer na escola.Imagina que não podes escolher o livro que queres ler, nem ouvir a música que gostas.Imagina que o silêncio pesa tanto que até a tua… ler mais
  • Obrigada, Otelo! Otelo, O Revolucionário é a primeira biografia de Otelo Saraiva de Carvalho, escrita por Paulo Moura.Clicar na imagem da capa do livro para aceder à notícia.Otelo à luz do historiador: revolucionário e polémico.Otelo Sa… ler mais

0 comments:

Enviar um comentário